quarta-feira, 13 de maio de 2020

Passado mais que bizarro


Quadrinhos de super-heróis são tão antigos quanto a necessidade das pessoas por aventuras e fantasia. O primeiro herói de papel de que se tem notícia é The Clock, um janota que usava ternos elegantes e um lenço negro sobre o rosto para combater o crime, criado por George Brenner para a editora norte-americana Quality Comics em 1936. Dois anos depois viria aquele que até hoje é sinônimo de super-herói: Superman e, em 1939, ninguém menos do que o Batman.
Com uma história que remonta aos idos da Segunda Grande Guerra, não se pode estranhar que, ao longo de tantas décadas, os super-heróis tenham sofrido mudanças e adaptações a medida em que foram se mantendo como ícones da cultura de massa do século XX. Mas, o que muita gente desconhece é que algumas histórias mais antigas eram muito estranhas, até mesmo no contexto e na época em que foram criadas.
Por exemplo, quem não se lembra do Aranhamóvel (The amazing Spider-man nº 130, março, 1974)? Uma espécie de buggy nas cores do uniforme do Homem-aranha que foi ofertado ao herói pela companhia Carona Motors e aperfeiçoado pelo Tocha Humana? Ainda hoje é um dos momentos mais constrangedores e bizarros na vida do amigão da vizinhança.
Mas ele não está sozinho quando o assunto são as bizarrices do passado. Justamente Batman e Superman parecem ter sofrido mais do que os outros.
É famosa a capa de Batman em que ele e Robin brigam porque o menino-prodígio quer fazer dupla com a Batgirl e o homem-morcego não se conforma. Melhor nem comentar, né? Mas, o Dr. Fredric Wertham iria adorar... (“psicólogo” que insinou pela primeira vez que Batman e Robin tinham um “caso”) Ou a capa de Superman com Lois Lane negra?! Bizarrice pouca é bobagem, tanto que o próprio Superman também se transforma em negro (e não me entendam mal, apenas que não havia razão nenhuma para isso na época, com as bancas povoadas por heróis negros vindos na onda do blaxploitation...)
Ou a criatura Arco-íris que transformou Batman e Robin em bonecos de papel? Ou a aventura de Superman em que ele vira um “super velho” ao tomar uma fórmula desconhecida? E, ainda nessa mesma linha, Superman vira um “super feio” e até um “super bobo”, no estilo do Super Pateta, mas sem a mesma graça, obviamente.
Claro que muitas destas histórias fazem sentido histórico, por exemplo, na época em que havia uma cruzada moralista contra os quadrinhos e as editoras tentavam amenizar a violência usando elementos mais frugais. Mas aí Batman e Superman apareciam ensinando Robin a jogar beisebol ou brincando de gangorra num parquinho infantil, nada a ver com sua verdadeira concepção.
Ainda bem que, para a felicidade dos maiores heróis do mundo, as bizarrices parecem ter mesmo ficado no passado. Agora é esperar que a diversão nas páginas deste tipo de HQ seja apenas incidental.


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