segunda-feira, 18 de maio de 2020

Quadrinhos na biblioteca


Com a perda do estigma de subcultura ou de mídia de baixo nível, as histórias em quadrinhos ganharam, também, nas últimas décadas, muito mais atenção de estudiosos e pesquisadores. Isso acabou gerando mais um produto inspirado nas HQs, os livros sobre quadrinhos. De manuais sobre como se ler gibis até livros que contam bastidores da indústria dos comics, a variedade é grande e muitos títulos importantes já chegaram por aqui ou estão sendo produzidos por brasileiros.
Quando, em meados da década de 70, pioneiros dos estudos dos quadrinhos no Brasil como Álvaro de Moya, Moacy Cirne, Sonia Luyten, Diamantino da Silva e outros começaram a colocar no papel seus argumentos sobre a importância dos quadrinhos; isso gerou uma gama de publicações que, pela primeira vez, levavam à sério um tipo de mídia que muitos ainda condenavam.
Na Europa, nomes como Umberto Eco – hoje mais famoso por seus romances como “O nome da rosa” e “O cemitério de Praga” –  e Francis Lacassin, já apontavam para os quadrinhos como um rico material de estudo da cultura pop. A arte de Andy Warhol, Basquiat, Mel Ramos e outros ia beber diretamente das histórias de Batman e Robin ou nas garrafas de Coca-cola, por exemplo, levando muita gente a se questionar sobre o que era realmente arte.
Nunca os quadrinhos haviam sofrido tantas críticas e tantos elogios ao mesmo tempo. Mas, o mais interessante é que isso gerou uma verdadeira biblioteca mundial sobre histórias em quadrinhos. E isso só se multiplicou daquela época em diante. Hoje, no Brasil, autores como Gonçalo Jr. e Paulo Ramos, por exemplo, são verdadeiras máquinas de produzir livros sobre quadrinhos.
Sem falar de gente como Waldomiro Vergueiro, Dagomir Marquezi, os já citados Sonia Luyten, Diamantino da Silva, Moacy Cirne, Ionaldo Cavalcanti, Carlos Patati, Gazy Andraus, Roberto Elísio dos Santos, Flávio Calazans, Dani Marino e muitos outros que ainda se dedicam a desvendar os mistérios ocultos entre uma página e outra de gibi.
Assim, se você gosta de quadrinhos, procure ler também quem fez deles o seu objeto de estudo e análise. Quem sabe você não passa a gostar ainda mais das histórias que você nem sabia que estavam no gibi?


quarta-feira, 13 de maio de 2020

Chega de super-heróis!


Se você é daqueles que anda aborrecido com seus heróis favoritos, que acha que as tramas têm sempre a mesma “cara”, que os gibis estão cada vez mais dependentes do que acontece nas telas dos cinemas e videogames, que sente saudades dos anos 60 ou 70; talvez, esteja na hora de começar a conhecer novos personagens.
Entendam bem, gibis de super-heróis, com raras exceções, são mais parecidos com “novelões” intermináveis do que com outra coisa. Os enredos se encompridam em tramas recorrentes com os mesmos vilões e situações que, com o tempo, acabam cansando até os mais otimistas. Daí, as ideias mirabolantes das grandes editoras com cronologias zeradas, viagens no tempo, torneios galácticos e outras bobagens que também já cansam os leitores mais antigos.
Nessa hora, vale arriscar a olhada em títulos que você até pode ter visto nas livrarias, mas não se animou em comprar por serem desconhecidos. Vale lembrar que personagens como Spawn, Bone, Savage Dragon, Hellboy e outros atuais ícones das HQs também eram anônimos quando surgiram em busca de uma prateleira ao sol nas comic shops. Alguns bons projetos podem até naufragar, se a curiosidade dos leitores não for despertada.
É o caso, por exemplo, de Invencível, de Robert Kirkman (sim, o mesmo do megassucesso The Walking Dead) que, apesar de muito bom, não consegue emplacar por aqui. Claro que a irregularidade com que aparece nas bancas dificulta a fixação do título, mas acredito que as aventuras de um super-herói adolescente que ainda está aprendendo a lidar com seus poderes tenha um bom apelo.
Outro quadrinho diferente que também vale uma olhada é Os Pequenos Guardiões (Mouse Guard), de David Petersen. Uma série fechada em seis pequenos volumes, premiada com dois Eisner e recomendada pela Associação de Sociedades Americanas como leitura indicada para a família, onde os heróis são... ratos!
Quer mais? Jupiter’s Legacy, de Mark Millar e Frank Quitely; Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples; Liga Extraordinária: Século, de ninguém menos do que Alan Moore e Kevin O’Neil; Bloodhound, de Dan Jolley e Dave Johnson... sem esquecer de alguns mangás como One Punch Man e Ajin: demi-human, que podem ser opções bem interessantes para quem não aguenta mais raios da morte e superpoderes mofados, com supervilões cansados e caricatos.
No fundo, vale a mesma dica para quase tudo na vida: arrisque-se! O máximo que pode acontecer é você perder um pouco de tempo e dinheiro. Já o mínimo, é sair da rotina e ser apresentado a “super-heróis” bem diferentes daqueles que você já conhece bem demais.

Passado mais que bizarro


Quadrinhos de super-heróis são tão antigos quanto a necessidade das pessoas por aventuras e fantasia. O primeiro herói de papel de que se tem notícia é The Clock, um janota que usava ternos elegantes e um lenço negro sobre o rosto para combater o crime, criado por George Brenner para a editora norte-americana Quality Comics em 1936. Dois anos depois viria aquele que até hoje é sinônimo de super-herói: Superman e, em 1939, ninguém menos do que o Batman.
Com uma história que remonta aos idos da Segunda Grande Guerra, não se pode estranhar que, ao longo de tantas décadas, os super-heróis tenham sofrido mudanças e adaptações a medida em que foram se mantendo como ícones da cultura de massa do século XX. Mas, o que muita gente desconhece é que algumas histórias mais antigas eram muito estranhas, até mesmo no contexto e na época em que foram criadas.
Por exemplo, quem não se lembra do Aranhamóvel (The amazing Spider-man nº 130, março, 1974)? Uma espécie de buggy nas cores do uniforme do Homem-aranha que foi ofertado ao herói pela companhia Carona Motors e aperfeiçoado pelo Tocha Humana? Ainda hoje é um dos momentos mais constrangedores e bizarros na vida do amigão da vizinhança.
Mas ele não está sozinho quando o assunto são as bizarrices do passado. Justamente Batman e Superman parecem ter sofrido mais do que os outros.
É famosa a capa de Batman em que ele e Robin brigam porque o menino-prodígio quer fazer dupla com a Batgirl e o homem-morcego não se conforma. Melhor nem comentar, né? Mas, o Dr. Fredric Wertham iria adorar... (“psicólogo” que insinou pela primeira vez que Batman e Robin tinham um “caso”) Ou a capa de Superman com Lois Lane negra?! Bizarrice pouca é bobagem, tanto que o próprio Superman também se transforma em negro (e não me entendam mal, apenas que não havia razão nenhuma para isso na época, com as bancas povoadas por heróis negros vindos na onda do blaxploitation...)
Ou a criatura Arco-íris que transformou Batman e Robin em bonecos de papel? Ou a aventura de Superman em que ele vira um “super velho” ao tomar uma fórmula desconhecida? E, ainda nessa mesma linha, Superman vira um “super feio” e até um “super bobo”, no estilo do Super Pateta, mas sem a mesma graça, obviamente.
Claro que muitas destas histórias fazem sentido histórico, por exemplo, na época em que havia uma cruzada moralista contra os quadrinhos e as editoras tentavam amenizar a violência usando elementos mais frugais. Mas aí Batman e Superman apareciam ensinando Robin a jogar beisebol ou brincando de gangorra num parquinho infantil, nada a ver com sua verdadeira concepção.
Ainda bem que, para a felicidade dos maiores heróis do mundo, as bizarrices parecem ter mesmo ficado no passado. Agora é esperar que a diversão nas páginas deste tipo de HQ seja apenas incidental.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Voltei!

Há tempos tive três blogs: O Gazetadas do Rittes, o Popoca Cultural e O estranho mundo do sexo. Acabei cancelando os três depois de alguns anos, em parte por causa de um monte de gente chata. Pois bem, depois de tudo e de uma experiência animadora no YouTube (Orelha & Capa Dura), resolvi voltar com um blog só para falar de uma das coisas que mais gosto: as histórias em quadrinhos. Assim, é com muito orgulho que apresento à vocês o Popoca Loka. Leiam. Curtam. Comentem. Prometo falar SOMENTE de HQs mesmo. O resto não me interessa mais, sério. Abraços.